quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal sem fome e com responsabilidade


Novos e antigos doadores mantêm a campanha que não deve estimular a mendicância nas ruas

O corretor de imóveis Carlos Fernando, 59 anos, morador de Olinda, vai passar o Natal este ano em Arcoverde. O objetivo não é rever parentes nem desfrutar de uma ceia natalina em pleno Sertão pernambucano. Ele vai aproveitar a noite, a quase 300 quilômetros de casa, exercitando solidariedade. De hoje a sábado, o JC mostra experiências individuais e coletivas nesse campo.
Este é o 21º ano que Carlos resolve celebrar o nascimento de Jesus Cristo tentando repetir o gesto do inspirador, que multiplicava pães para os pobres e defendia a caridade como lema de vida. Carlos não só levará alimentos, mas roupas, brinquedos e orientação para famílias que nunca viu.
“A primeira experiência foi há 21 anos. Eu, meu filho, que na época tinha 11 anos, e uma coleguinha dele, nossa vizinha, saímos às ruas, para dar sopa aos mendigos”, conta Carlos. A sensação de bem-estar foi tão intensa que até hoje ele repete o gesto e com a ajuda de muitos amigos. Pelo menos, 25 pessoas se juntaram a Carlos, a maioria companheiros de centros espíritas.
Este ano a meta é atender 150 adultos e 300 crianças. Para arrecadar as doações, os voluntários ligam ou mandam email para amigos. Uns se dispõem a buscar os objetos na casa do doador, dedicando assim mais tempo ao projeto. No Dia 25, o grupo subirá a serra rumo a Arcoverde. “A cada ano trabalhamos com uma comunidade diferente, plantando sementes”, diz Carlos. Em meio à entrega do material, eles dão orientação de saúde e dicas de cidadania, já que nem só de pão vive o homem. Carlos ainda está arrecadando. Quem quiser ajudar deve ligar para (81) 9606-4100.
Também em Olinda, o comerciário Genilson Silva, 22 anos, resolveu fazer um Natal diferente este ano. Arrecadou com amigos algumas dezenas de brinquedos para doar às crianças de sua comunidade. “Sei o que é fome e quanto um presente significa na infância. Já passei por momentos muito difíceis”, diz ele, que no cotidiano não nega pão a quem lhe pede comida. Católico e devoto da Mãe Rainha, que dá nome ao santuário de Ouro Preto, Genilson alega que a caridade é o maior exemplo que o aniversariante Jesus Cristo ensinou à humanidade. Carlos e Genilson não são os únicos solidários no aniversário de Cristo. E os presentes também têm variado ao longo dos anos. Se na década de 90 a Campanha Natal Sem Fome, do sociólogo Herbert de Souza, transformou casas, clubes e locais de trabalho em comitês da Ação da Cidadania para arrecadar comida e matar a fome, duas décadas depois as iniciativas são múltiplas.
“As doações mudaram de acordo com as necessidades da população”, diz Anselmo Monteiro, coordenador do Comitê Pernambuco Solidário. Segundo ele, houve momento em que roupas foram mais doadas, como na enchente de 2000 na Mata Sul. Em 2006, no Rio de Janeiro, a violência avançava e muitas famílias, já atendidas pelo Bolsa Família, não tinham mais a necessidade imediata da alimentação. Arrecadaram, então, livros e brinquedos.
“Em Pernambuco, a realidade não permite que paremos de arrecadar comida. Mas, além dos alimentos, estamos recebendo brinquedos e livros”, conta Anselmo Monteiro. “Não podemos nos distanciar da proposta de arrecadar alimentos, o que deu nome à campanha”, completa, lembrando que a alimentação, considerada agora um direito humano, precisa estar em pauta permanentemente, como política pública e responsabilidade social.
No ano passado, o comitê pernambucano arrecadou 200 toneladas de comida e outros gêneros. Este ano já recebeu um quinto dessa quantidade. Parte será entregue hoje a famílias pobres de Barreiros, atingidas pela cheia do Rio Una.
A secretária de Assistência Social do Recife, Niedja Queiroz, orienta o público a fazer doações responsáveis. “Devem evitar a distribuição nas ruas”. É uma forma de combater a mendicância, ou seja, ajudar e educar quem recebe, evitando estimular que as pessoas se transfiram para as ruas em busca de donativos.
O Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc) da Prefeitura do Recife recebe doações para atender a rede de abrigos existentes na cidade e projetos sociais voltados a famílias de menor renda. Em razão do Natal, tem recebido brinquedos e presentes para distribuir com crianças e idosos. A Secretaria de Assistência Social do Recife também disponibiliza um telefone para ligações gratuitas. Através dele orienta a sociedade sobre a melhor forma de colaborar com os mais pobres.

Fonte: Jornal do Commercio – Cidades – 23/Dez/2010
Agradecimento: Veronica Almeida
Inserido por Anselmo Monteiro – Coord. Ação da Cidadania PE Solidário

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