quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Três cidades unidas pela dor

Chuvas varreram comunidades, causaram estragos e mataram ao menos 271 pessoas em Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis, na Região Serrana do Rio

RIO – A Região Serrana do Rio amanheceu ontem mergulhada em lágrimas. Castigadas por chuvas torrenciais durante a noite de terça-feira e a madrugada de ontem, as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis contabilizavam 271 mortos até as 23h30 (horário do Recife), segundo as prefeituras, número que pode aumentar, pois ainda há desaparecidos sob montes de lama e escombros. A história, que se repete todos os anos – apenas o cenário muda – desta vez une pobres e ricos. Todos vítimas de uma tragédia que expõe não só a força da natureza, mas o descaso de autoridades.

A Região Serrana passou o dia de ontem contabilizando perdas. Teresópolis concentrava o maior número de mortos: 130. Pelo menos 960 pessoas ficaram desabrigadas na cidade, e outras 1.280 desalojadas. A Defesa Civil de Petrópolis registrava 34 mortes, mas a própria prefeitura esperava um número bem maior, pela dificuldade das equipes de socorro em chegar aos locais atingidos. Haveria ainda, mais de 30 desaparecidos. Os problemas de comunicação em Nova Friburgo, que passou o dia isolada por barreiras, também dificultavam o resgate. Lá, foram ao menos 107 mortes, sendo quatro bombeiros, soterrados enquanto se dirigiam para uma operação de salvamento.

Foi a maior catástrofe natural desde 1967 em um só dia no Brasil. Deslizamentos de toneladas de terra, quedas de pedras gigantescas e enxurradas de lama comparadas a tsunamis tomaram bairros inteiros e inundaram prédios em segundos, em um cenário semelhante ao provocado pelo furacão Katrina, que em 2005 devastou a cidade americana de Nova Orleans, nos Estados Unidos.

Faltam água, energia elétrica e telefone. Pelo menos três estradas que cortam a região precisaram ser interditadas parcialmente, o que atrapalhou ainda mais o trabalho de bombeiros e agentes da Defesa Civil. Famílias inteiras morreram com a força da enchente ou dos deslizamentos. Em alguns pontos, rios subiram até cinco metros e invadiram casas enquanto os moradores dormiam. Centenas de casas foram varridas pela terra que desceu as encostas, arrastando árvores e pedras.

A região serrana é formada por montes cobertos por Mata Atlântica, onde solos são instáveis e propensos a deslizamentos. A construção de casas e prédios em vales, próximos a rios, também facilita a formação de enchentes. A pedido do governador Sérgio Cabral, que está viajando e ainda não foi à região, a Marinha colocou helicópteros à disposição.

TERESÓPOLIS

No início da tarde, o prefeito de Teresópolis, Jorge Mário Sedlacek, decretou estado de emergência e calamidade pública. Desmoronamentos atingiram 17 bairros da cidade. Nos cálculos dele, a cidade precisará de R$ 100 milhões para reparar os estragos: “É a maior tragédia de Teresópolis”.

Os desabrigados estão sendo levados para o Ginásio Poliesportivo Pedro Jahara e para um galpão na Rua Tamoio, no bairro do Meudon. Escolas também estão acolhendo as vítimas. Na avaliação do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, cerca de duas mil famílias devem ser removidas de Teresópolis, sendo que 200 já foram atendidas com aluguel social.

Desolado, o pedreiro Juacirde Ponte Rababelo, 65 anos, perdeu tudo. Ele contou que a chuva forte começou por volta das 22h de terça (21h no Recife) e surpreendeu todos os que moram na Estrada da Posse, que dá acesso ao Parque Imbuí, em Teresópolis: “A rua virou um rio. A correnteza era forte e carregava tudo. Os carros pareciam pedaços de isopor boiando na água. Para não ser levado, tive que fazer um buraco no teto e subir no telhado”, conta.

Por todos os lados, o que se via era destruição, lama e lixo. Casas foram destruídas, pontes, arrancadas, carros e caminhões, levados pela correnteza do Rio Imbuí, que transbordou e arrastou tudo que havia pela frente.

Nos bairros do Caleme, Parque Imbuí, Posse e Barra do Imbuí, os mais atingidos, pessoas sujas de lama deixavam suas casas com malas e poucos pertences, temendo novos deslizamentos. No meio da rua, corpos para serem removidos compunham um cenário de terror.

Fonte: Jornal do Commercio – Brasil – 13/Jan/2010

Inserido Por Anselmo Monteiro – Coord. Ação PE Solidário

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